terça-feira, 6 de agosto de 2019

Fim da obrigação de balanços em jornais foi retribuição a ataques da imprensa, diz Bolsonaro


“No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que grande parte da mídia me atacou, assinei uma medida provisória fazendo com que os empresários que gastavam milhões de reais para publicar obrigatoriamente, por força de lei, seus balancetes nos jornais, agora podem fazê-lo no Diário Oficial da União a custo zero”, disse o presidente em discurso em Itapira (SP), onde inaugurou uma fábrica farmoquímica.

Logo após afirmar que a MP era uma retribuição ao que chama de “ataques” que sofreu da imprensa, sendo bastante aplaudido pela plateia presente à inauguração, Bolsonaro disse que a MP não era uma “retaliação”.

“Não é uma retaliação contra a imprensa, é tirar o Estado de cima daquele que produz. E quem produz? São vocês! Não estou sentindo cheiro de mortadela aqui”, afirmou, arrancando risos dos presentes.

No discurso, Bolsonaro também voltou a dizer que o Brasil está “sob nova direção” e afirmou que “respeita a família tradicional brasileira” e é contra a legalização das drogas.

O presidente também disse que respeita as instituições, mas ressalvou que deve lealdade somente ao povo brasileiro.

Mais cedo, em discurso durante evento de concessionárias automotivas na capital paulista, Bolsonaro também citou a MP e, em tom irônico, disse esperar que o jornal Valor Econômico, pertencente ao Grupo Globo e que recebe grande número de publicações de balanços por ser voltado à área econômica, “sobreviva” à medida provisória.

Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentou a MP e as declarações de Bolsonaro e avaliou que a imprensa não ataca o presidente, mas sim publica notícias. Ele também disse não acreditar que a medida provisória seja uma retaliação, mas avaliou que tirar receita de jornais subitamente não é a melhor decisão.

“Eu acho que a imprensa não está atacando ele. A imprensa está divulgando notícia. Se é contra ou a favor, essa é uma avaliação que cada um de nós tem que fazer quando é criticado ou elogiado pela imprensa. Não acho que o presidente tenha tomado a decisão de editar a medida provisória por isso”, disse Maia. [nL2N2521D4]

Indagado sobre o assunto durante briefing, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, negou que a MP tenha sido uma retaliação de Bolsonaro ou que o presidente tenha uma postura de “contrapor-se à imprensa”.

(Agência Reuters)

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