quarta-feira, 9 de junho de 2021

Presente em quase todo o Brasil, capacete Elmo já tratou quase três mil cearenses na rede pública em seis meses Comunicação Governo do Ceará


Quando um equipamento similar a um escafandro começou a ser desenvolvido em abril de 2020 para tratar  complicações respiratórias de Covid-19, pesquisadores cearenses, pressionados pela pandemia, jamais imaginariam a diferença que o equipamento poderia fazer em 2021, com indicadores ainda preocupantes. Diante de um cenário de incertezas, o dispositivo não invasivo conhecido nacionalmente como capacete Elmo continua hoje a materializar a esperança de profissionais de saúde no enfrentamento à doença. Presente em 23 estados, o aparelho chega a seis meses de uso em hospitais da rede pública do Governo do Ceará e já foi utilizado em 2.944 pacientes que têm no dispositivo um rápido alívio respiratório rumo à recuperação do deserto de ar.

A profissional autônoma Stephane de Oliveira é a prova do quão perigosa pode ser a Covid-19. Com 21 anos e sem comorbidades, ela teve pneumonia e não melhorou com medicação, tampouco com terapia por alto fluxo de oxigênio. Para evitar a intubação, ela foi uma das 333 pacientes que utilizaram o Elmo no Hospital São José de Doenças Infecciosas, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

“O Elmo é bem mais confortável que o cateter. Conseguia dormir e comer tranquilamente com ele. Usei o capacete por três dias. No primeiro, usei por algumas horas; no segundo, passei quase o dia todo com ele e, no terceiro dia, eu já tive uma melhora significativa, saindo do oxigênio e entrando em observação. Com certeza, com o Elmo, o avanço para a cura foi bem mais rápido”, conta.

O dispositivo foi inspirado na experiência de médicos italianos que usaram máscaras de mergulho no tratamento de pacientes com coronavírus nos anos 1990 e no uso de “helmet”, capacetes hiperbáricos, utilizados em doenças de descompressão na Europa e, mais recentemente, nos Estados Unidos. No entanto, como inovação em saúde cearense, pesquisadores locais desenvolveram o ciclo completo: da ideia ao produto. Especialistas de uma força-tarefa multidisciplinar avaliaram artefatos existentes e estudos científicos já realizados, elaboraram o conceito, a construção e testagem de protótipos, tudo isso em tempo recorde: três meses.

Em todo este trabalho, o Governo do Ceará, por meio da Sesa e da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), se uniu à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), às Universidades Federal do Ceará (UFC) e de Fortaleza (Unifor), com o apoio do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e da Esmaltec.

O modelo consolidado, batizado de Elmo, foi submetido a testes clínicos e fisiológicos, com a avaliação dos resultados na melhoria do quadro de saúde dos pacientes. Em dezembro de 2020, o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), da Rede Sesa, recebeu cinco capacetes Elmo e já começou a aplicá-los em pacientes com Covid-19.

Elmo chega a outros estados

Além da produção em tempo recorde, a força-tarefa local mostrou que não há divisas para o Elmo, espalhado pelo País. O dentista Marcos Helbert Monteiro, de 48 anos, vive em Santa Inês, no Maranhão. Diagnosticado com a Covid-19 em abril deste ano, foi transferido para a capital São Luís diante de um quadro de saúde cada vez mais grave, até ser transferido para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Pai de quatro filhas, foi o equipamento cearense que permitiu que ele retornasse à família. “Minha esposa ficou aliviada quando soube que eu estava usando o Elmo. Isso confortou ela diante do quadro que até então só se agravava. [O Elmo] deu muito conforto, melhorou logo a minha respiração e ajudou o meu psicológico, que estava abalado”, lembra. “É como se tivesse nascido novamente pelo estado grave que passei”, conta, já recuperado.

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