sábado, 25 de maio de 2019

Neste domingo - Com discursos extremos suavizados, comparecimento em manifestação pró-governo ainda é incerto


As manifestações em favor de pautas defendidas pelo Governo Federal marcadas para o próximo domingo (26) continuam gerando expectativas em diversos analistas do cenário político brasileiro. Após uma semana de grande movimentação nas redes sociais, em que apoiadores voltaram a subir hashtags no Twitter convocando os cidadãos às ruas, a impressão de especialistas é que o tom das manifestações foi amenizado.
O cientista político Paulo Kramer, por exemplo, avalia que isso aconteceu porque os dois “lados” resolveram abandonar discursos extremos, por medo do cenário que vão encontrar nas ruas no domingo. “A principal razão para isso, foi que Bolsonaro está com medo de dar gente de menos e sair prejudicado e o Alcolumbre, que é presidente do Senado, e o Maia, presidente da Câmara, estão com medo de dar gente demais”.
Os apoiadores das manifestações, alegam, entre outras coisas, que é preciso ir às ruas em defesa da Reforma da Previdência, do Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro e da aprovação da Reforma Administrativa. Por outro lado, os opositores alegam que o movimento pode mais atrapalhar, do que ajudar a tramitação de todos esses projetos no Congresso.

O cientista político da FGV, Sérgio Praça, acredita que Bolsonaro fez um movimento ousado ao incentivar as manifestações. Ele avalia que as vantagens para o governo – caso muitas pessoas compareçam às ruas – não serão significativas. Por outro lado, Praça entende que, se poucas pessoas forem aos atos, o fracasso será pessoal de Bolsonaro. “Foi uma jogada arriscada da qual ele já se arrependeu e está tentando se distanciar agora”, explica.

Logo no início das convocações, o tom de “ameaça” ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal apareceu em algumas conversas de apoiadores dos movimentos – que consideram que as instituições são ineficazes e trabalham contra o Brasil.

Acontece que Bolsonaro chegou a falar em café da manhã com jornalistas na quinta-feira (23) que os grupos que forem às ruas e falarem em fechamento do Congresso e do STF estariam na manifestação errada. O presidente lembrou que tais discursos não fazem bem ao Brasil e não estão alinhados à sua política.

Virgilio Arraiz, professor de História Contemporânea da UnB, lembra que essa situação de atrito entre o Executivo e o Legislativo é normal em uma democracia. Segundo ele, a independência e autonomia dos poderes é um reflexo disso. “Em função da deterioração do quadro econômico, os ânimos foram acirrados, no sentido de que o Governo acredita que os seus projetos deveriam ser encaminhados e aprovados de maneira mais rápida, porque isso ajudaria o país a sair da crise. Já o Congresso tem outra visão e acredita que deve ter mais debate, que outras sugestões podem ser incorporadas”, pontua Virgílio.

Na avaliação do cientista político Sérgio Praça, o peso das manifestações também diminuiu quando a esperança em ver a Reforma Administrativa (MP 870) aprovada no Congresso, aumentou.
Isso porque na quarta-feira (22), a Câmara dos Deputados aprovou a proposta e a expectativa é que o Senado faça o mesmo na próxima semana. O fato de a Câmara ter devolvido o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia até foi diminuído após a conquista da MP 870 na Câmara. “Eu acho que ele imaginava que o conflito com o Congresso seria maior do que está sendo. A aprovação da MP da reforma administrativa é ótima para o governo, apesar de ter deslocado o Coaf. Então, na verdade, o Congresso não entrou em um conflito tão grande como Bolsonaro esperava”, avalia Praça.

Consenso

Entre os parlamentares do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, não há consenso sobre o assunto. O próprio partido convocou uma coletiva de imprensa liberando os filiados a comparecerem, ou não, aos atos. O líder no Governo na Câmara, Major Hugo (PSL/GO), por exemplo, acredita que as manifestações podem ser positivas. Já a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) – parlamentar mais votada na história do País - recriminou os atos, alegando que as manifestações não possuem “racionalidade nenhuma”.

(Rádio Mais)

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