sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Open Banking - Como empresas, bancos e fintechs podem aproveitar o melhor do novo modelo financeiro


O Banco Central iniciou a segunda fase do Open Banking no Brasil, modelo de sistema bancário aberto, que promete aumentar a competitividade entre as instituições financeiras e fomentar novos modelos de negócios. Nesta nova fase, pessoas físicas e jurídicas terão a opção de fornecer seus dados financeiros para outras instituições. De acordo com o BC, os usuários poderão ter acesso a novas ofertas de crédito, taxas, investimentos e outras soluções, em condições mais adequadas à realidade econômica do seu negócio e, possivelmente, mais vantajosas. Tudo isso, por meio dos dados compartilhados sob autorização do usuário.

As empresas irão ingressar nesse modelo da mesma forma que as pessoas físicas. Evandro Pietro, Diretor de Tecnologia da Seven Tech Group, detalha: “As pessoas jurídicas também poderão compartilhar os dados e seguem o mesmo princípio do compartilhamento para pessoas físicas. Além dos dados cadastrais, poderão compartilhar informações financeiras das contas, cartões e operações de crédito. Lembrando que o consentimento para o caso de pessoas jurídicas respeita os mesmos poderes dos procuradores e/ou responsáveis que operam normalmente estas contas.”, explica ele.

De acordo com o Bacharel em Ciências da Computação, ao compartilhar os dados bancários com outras instituições, o empresário terá uma série de opções que podem beneficiar seu negócio: “Ele poderá ter uma melhor análise de crédito dependendo do seu histórico. Ele também passa a ter um melhor controle de quais informações cada instituição, em que tem relacionamento, sabe a seu respeito. Vale lembrar que o usuário terá o poder de escolher o quê e até quando a informação poderá ser compartilhada”.

Há um calendário definido pelo Banco Central. Evandro esclarece que a partir do dia 13 deste mês e de forma escalonada até o dia 24 de outubro deste ano, será possível compartilhar dados cadastrais e informações de transações de contas de depósito à vista, de poupança, de pagamento pré-pagos, de cartão de crédito e de operações de crédito. No futuro, outros dados serão adicionados.

Bancos e Fintechs

O Open Banking é considerado por especialistas um habilitador de novos negócios no ecossistema financeiro. Evandro afirma que o novo modelo irá permitir que as fintechs criem novas ferramentas e aplicações, que irão facilitar muito o dia-a-dia dos seus clientes com custos menores. “O custo de aquisição de novos clientes, por exemplo, pode ter uma redução significativa para obtenção de score de créditos com bureaus de informações e análises de KYC - Know Your Client (em português, Conheça o seu Cliente), pois a instituição poderá otimizar estes custos quando se tratar de um cliente que fez a "portabilidade" de uma outra instituição.”, exemplifica. O diretor da Seven Tech Group também afirma que outro benefício é um acesso facilitado e padronizado das instituições financeiras sobre as tarifas e custos praticados. Permitindo assim um melhor monitoramento de posicionamento de preços dos seus produtos e serviços. “Fica muito mais fácil para saber os preços praticados pelos concorrentes", afirma

Diferencial

Com um fluxo ainda maior de dados compartilhados e armazenados entre bancos e fintechs, essas instituições devem ter estrutura que atenda a grande demanda. “As fintechs devem oferecer plataformas tecnológicas adequadas a este cenário, com fortes componentes de integração e tratamento de grandes volumes de dados. Deverão ter uma atenção especial à segurança destes dados e monitoramento constante de seu parque de infraestrutura para prover a maior disponibilidade possível. Os times de comercial e de produtos dessas empresas terão que repensar estratégias para ofertar produtos mais competitivos e com maior valor agregado ao cliente, pois a ‘barreira de saída’ (troca pelo produto do concorrente) ficará cada vez mais transponível”, afirma Evandro.

LGPD

Em relação à Lei Geral de Proteção de Dados, que desde agosto passou a multar as empresas que não estão adequadas, o Open Banking parte do pressuposto de que o cliente (pessoa física ou jurídica) é o dono dos seus dados. “Este cliente tem o direito a solicitar o compartilhamento desses dados, e que o seu tratamento deve ocorrer para finalidades específicas e de forma previamente consentida. Estas questões nortearam as disposições da LGPD”, esclarece o diretor. Evandro enfatiza que o Open Banking trata somente da padronização de compartilhamento de dados, não disciplinando o tratamento dos mesmos que deverão observar a lei vigente. E acrescenta: “o Open Banking abrange o compartilhamento de dados de clientes pessoas naturais e jurídicas, ao passo em que o LGPD disciplina tão-somente o tratamento de dados de pessoas naturais”. 

Open Banking no mundo

O Brasil está entre os pioneiros quando o assunto é Open Baniking. No restante do mundo, a maioria dos países o modelo está em estudo ou fase inicial de implantação. Os casos mais avançados são do Reino Unido e da Austrália. No Reino Unido, por exemplo, um dos primeiros a adotar, já participam mais de 300 provedores de serviços e mais de 80 provedoras de contas (entre Bancos e Fintechs). 

Evandro Prieto é Diretor de Tecnologia e Produtos da Seven Tech Group. Possui Bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Uberlândia e MBA em Projetos pela FGV e Inovação e Gestão pela PUCRS.

Seven Tech Group

A Seven é uma empresa de consultoria e desenvolvimento de software especializada em tecnologias para o setor financeiro com sedes em São Paulo, Fortaleza e Lisboa. Há 15 anos no mercado, desenvolve projetos de implementação em de alta complexidade, incluindo plataformas mobile.

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