quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Sana, um dos maiores eventos de cultura oriental do Brasil pode sofrer boicote por posicionamentos politicos

Competidores do Sana, considerado um dos maiores festivais de cultura oriental no Norte e Nordeste, anunciaram boicote ao evento após um dos diretores utilizar sua rede social para comemorar vitória do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Dançarinos de cerca 60 grupos cover de K-Pop (Pop coreano) da Capital e outros estados, além de cosplayers, aderiram ao movimento que já conta com mais de 1.300 apoiadores no Facebook.
"Quando ele [Bolsonaro] ganhou, todos ficamos tristes e preocupados com a nossa segurança e dos nossos colegas de grupo, já que somos, em maioria, formados por mulheres e LGBTQ+. Ele [diretor] se manifestou de forma radical em seu perfil pessoal, se mostrando a favor do candidato e usando frases como 'chora mais' e 'mito chegou'. Tudo isso pra gente foi muito impactante porque nós iríamos participar de um evento do qual a gente gosta e se esforça para dar publicidade. Com isso, nos revoltamos por um dos diretores se posicionar totalmente contra os nossos direitos e bem-estar", disse uma das representantes dos grupos cover de K-Pop (O POVO Online não a identifica para evitar retaliação).
Segundo a dançarina, logo após as publicações do diretor e a manifestação dos grupos, Ricardo Busgaib, outro representante do Sana, chegou a enviar mensagens a eles, afirmando que o evento era totalmente apartidário e que não compactuava com qualquer coisa relacionada à homofobia, misoginia, machismo, entre outros. "O problema é que toda essa parcela do público feminino e LGBTQ que participa do Sana já foi assediada ou já sofreu algum tipo de preconceito dentro do evento. Essas coisas não são de agora. A situação com o diretor foi apenas a gota d'água para muita coisa que a gente vinha engolindo há tempos", finalizou.

Competidor utiliza rede social para desabafar sobre o assunto. (Foto: Reprodução/Instagram)

Já com grupo de pessoas que realiza cosplay a situação é bem parecida. Com mais de 38 pessoas aderindo ao movimento dentro da categoria, a decisão de iniciar o boicote ao evento partiu depois da iniciativa dos grupos cover.

"Uma das minhas colegas chegou me falando que pessoas do K-Pop estavam promovendo o boicote e ela, vendo que eu tinha ficado revoltada com as publicações dele [diretor], me convidou. É totalmente contraditório ele apoiar a ideologia de uma pessoa que afeta grande parte do público que frequenta o evento do qual ele é idealizador", explicou uma das representantes do grupo, que preferiu não se identificar.
 Assessoria do Sana afirmou que a Fundação Cultural Nipônica Brasileira, idealizadora do evento, é apartidária e que, justamente por isso, nas eleições 2018 não declarou apoio a nenhum candidato. Além disso, eles também ressaltam que não houve cancelamento de participação dos grupos por qualquer motivo.

Confira nota completa:

A Fundação Cultural Nipônica Brasileira, realizadora do Sana, informa que é apartidária, e justamente por isso, na campanha de 2018 não declarou preferência por nenhum candidato. Porém, é uma instituição formada por cidadãos e os mesmos possuem o direito de escolher o espectro político e o candidato a votarem em quem se identificam, sem por isso serem perseguidos ou criticados.

Não houve participação cancelada de nenhum dos grupos no evento por qualquer motivo, uma vez que as inscrições sequer foram abertas e a procura continua inabalável. O Sana respeita a diversidade, a pluralidade de ideias e não comunga com extremismos que cerceiam a liberdade de expressão de nenhum indivíduo.

(O Povo)

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