sábado, 27 de outubro de 2018

Bolsonaro freia otimismo e Haddad insiste em Ciro


O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, usou, nesta sexta-feira, 26, sua conta no Twitter para tentar frear especulações em torno de possíveis nomes para seu eventual governo, enquanto o presidenciável do PT, Fernando Haddad, insistiu na pressão para apresentar na véspera do segundo turno uma manifestação mais contundente de apoio de Ciro Gomes (PDT).
Bolsonaro lidera ainda com folga as pesquisas de intenção de voto. Nos últimos dias, porém, os levantamentos indicaram uma redução na vantagem do candidato do PSL sobre o petista. Divulgada nesta terça-feira, 23, a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo apontou diferença de 14 pontos porcentuais entre os dois. O Datafolha, divulgado nesta quarta-feira, 25, indicou uma diferença de 12 pontos porcentuais.

Marca de sua campanha, Bolsonaro recorreu às redes sociais para reiterar o pedido de empenho na reta final da campanha. Na noite desta sexta-feira, ele fez um apelo em uma live transmitida no perfil de seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), no Facebook.

“A pessoa, às vezes, vai fazer uma viagem, um churrasquinho na casa da sogra, não que isso não seja bom, mas vamos votar domingo para que a gente evite qualquer surpresa”, disse. “É um apelo que eu faço, vamos nos manter mobilizados, não temos nada decidido, nada ganho. Temos tudo para decidir as eleições no próximo domingo para levar o Brasil para a centro-direita”, acrescentou.
Diante da redução da vantagem de Bolsonaro na disputa presidencial, a campanha do PT passou a investir nos últimos dias no corpo a corpo. Grupos voluntários de eleitores de Haddad passaram a pedir votos nas ruas para o candidato petista. Entre os grupos estão artistas, que veicularam as ações na internet. O candidato do PSL ironizou o fato: “Só faltou eles botarem nos cartazes: eu não posso perder a Lei Rouanet”.

Pela manhã, ele escreveu que “as eleições só serão definidas no domingo”. O presidenciável afirmou que outros nomes serão anunciados além de Onyx Lorenzoni para Casa Civil, o general Augusto Heleno para Defesa e Paulo Guedes para o Ministério da Economia – pasta que promete criar fundindo a Fazenda e o Planejamento. “Com intuito de se promover ou nos desgastar, oportunistas se anunciam ministros. Estes, de antemão, já podem se considerar fora de qualquer possível governo”, escreveu Bolsonaro na rede social.

Ataques

Na sequência, o candidato fez uma série de publicações atacando seu adversário no segundo turno. No dia anterior, o petista havia dito que Bolsonaro é responsável pela campanha mais “baixa” da história. “Logo ele, que é orientado por um presidiário, esconde as cores do partido, finge ser religioso, joga Bíblia no lixo, esconde apoio à ditadura venezuelana e espalha um monte de porcaria mentirosa ao meu respeito.”

Bolsonaro escreveu ainda em resposta às acusações de que representa uma ameaça à democracia. O candidato disse que ninguém mentiu mais que o PT na eleição. “Represento uma ameaça sim, aos corruptos, à bandidagem, aos estupradores, aos esquemas que assaltam o BNDES, aos assassinos e aos que querem destruir o Brasil! Por isso estão desesperados! Não terão sossego em meu governo!”, afirmou.

Vídeo

Nesta sexta-feira, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que Ciro Gomes – que disputou a Presidência pelo partido e terminou em terceiro lugar – vai gravar um vídeo declarando voto e um apoio mais enfático ao presidenciável do PT. “Ele (Ciro) já declarou (voto no Haddad), vai reforçar isso. Eu estou indo para o Ceará para conversar com o Ciro para saber como vamos fazer, mas que a gente vai fazer, vai. Não sei dá tempo para isso (fazer ato público ou subir no palanque), mas para a rede social nós vamos gravar um vídeo sobre isso”, disse Lupi.

Ciro voltou ao Brasil nesta sexta-feira, após passar quase todo o segundo turno na Europa. Em João Pessoa (PB), Haddad fez um novo aceno ao pedetista. “Sempre espero o melhor das pessoas, e eu sei que o Ciro tem muita coisa boa dentro dele”, afirmou. “Acredito que ele vai, agora chegando no Ceará, fazer um gesto importante pelo Brasil. Ele sabe que não é por mim, é pelo Brasil que fará esse gesto.” / CONSTANÇA REZENDE, ROBERTA PENNAFORT, RENAN TRUFFI e DANIEL WETERMAN
(Estadão)

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