O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (20) a
Medida Provisória 846/18, que redistribui os recursos de loterias
federais para direcioná-los também ao Fundo Nacional de Segurança
Pública (FNSP), cujo funcionamento é reformulado. A matéria será enviada
ao Senado.
O texto aprovado é o projeto de lei de conversão
de autoria do relator da MP, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O texto
cria uma loteria na modalidade quota fixa, destinada a enquadrar apostas
de resultados esportivos realizadas pela internet.
Para o relator, o mercado de apostas eletrônicas sobre eventos
esportivos é estimado em R$ 4,3 bilhões e se concentra em sites
estrangeiros. A regulamentação permitirá a cobrança de impostos e taxa
de fiscalização.
Segundo a nova distribuição proposta para as loterias existentes, e
com base em dados de referência da arrecadação de 2016, divulgados pela
Caixa Econômica Federal (CEF), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) perde cerca de R$ 900 milhões.
O Ministério da Segurança Pública (FNSP e Fundo Penitenciário
Nacional - Funpen) ficará com cerca de 9,4% da arrecadação bruta (25,8%
da líquida) das loterias existentes. Nos valores de 2016, isso daria
cerca de R$ 1,2 bilhão (sem atualização) a partir de 2019 e sem contar
com a Lotex, loteria instantânea ainda não implantada.
A Seguridade Social continua com o maior percentual isolado dentre os
beneficiários da arrecadação com loterias (16,8% do bruto).
Em 2016, a arrecadação bruta de todas as loterias administradas pela
Caixa foi de R$ 12,8 bilhões. Desse total, R$ 6,1 bilhões foram
distribuídos às áreas de esporte, cultura, seguridade social, educação,
saúde e segurança pública.
A Lotex, segundo intenções do governo, deve ser operada pela
iniciativa privada por meio de outorga para cerca de 15 anos.
Entretanto, nos leilões lançados em 2017 não houve interessados, ainda
que o lance mínimo tenha diminuído.
Segurança
A maior parte da arrecadação líquida da Lotex ficará com o FNSP (13% da
arrecadação bruta e 77,84% da líquida). A arrecadação líquida é
considerada aquela após a dedução das despesas de custeio e manutenção,
do prêmio líquido e do Imposto de Renda na fonte sobre o prêmio pago.
Estudo divulgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
na época do leilão frustrado da Lotex indicava estimativa otimista de
arrecadação bruta de R$ 209 milhões no primeiro ano e sucessivos
aumentos em cinco anos seguidos até atingir R$ 6 bilhões no quinto ano
de funcionamento.
Entretanto, as projeções para a Lotex não consideram o efeito sobre
outras loterias, cuja arrecadação poderia diminuir em razão da
atratividade dessa loteria instantânea, que deve distribuir maior
quantidade de prêmios menores.
Na lei de criação da Lotex (13.155/15), a maior parte dos recursos
ficaria com o Ministério do Esporte (10% do bruto). Outros 3% seriam
direcionados ao Funpen.