Ceará teve participação nesse avanço. Foram contabilizadas 2.209 cirurgias do tipo no Estado. O número representa o maior já registrado desde 1998, quando o Ceará começou a realizar transplantes. Entre os destaques estão os transplantes de córnea (1.329) — que colocam o Ceará no topo do ranking nacional —, os transplantes de fígado (252) — que superaram este ano o maior marco histórico, que foi de 229, em 2019 — e os transplantes cardíacos (35), que também superaram o recorde de procedimentos realizados.
Em 2025, até o dia 9 de setembro, a Central de Transplantes do Ceará registrou 1.459 transplantes de órgãos, tecidos e medula, conforme a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa). O transplante renal é o procedimento envolvendo órgãos sólidos mais realizado no Ceará nesse período, com 192 cirurgias (com doadores vivos ou mortos). Outros transplantes em destaque são o de fígado, com 164 transplantes; 109 de medula óssea; 14 de coração e três de pulmão. Quando se trata de transplante de córnea, o Estado registra, até o momento, 971 procedimentos.
A orientadora da célula do Sistema Estadual de Transplantes (Cetra) da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Eliana Régia Barbosa, avalia que esses números refletem o trabalho de equipes eficientes, aliado à solidariedade das famílias doadoras. “O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde, está sempre atento a essa causa e os brasileiros, diante dos nossos resultados, procuram o Ceará para realizar o procedimento. Precisamos reconhecer ainda a generosidade das famílias doadoras, que renovam a esperança de quem espera por um transplante”, ressalta em entrevista ao site da Sesa.
Cada órgão possui um tempo limite para ser transplantado após a captação: enquanto coração e pulmões precisam ser transplantados em 4 a 6 horas, o fígado e o pâncreas têm um prazo de até 12 horas; os rins podem resistir até 48 horas fora do corpo, e as córneas, por sua vez, podem ser utilizadas em até sete dias. Esses prazos, muitas vezes apertados, exigem precisão, organização e cooperação por parte de toda a rede de saúde.
O processo começa ainda no hospital, quando é constatada a morte encefálica do paciente. Nesse momento, a equipe de saúde conversa com a família para levar o conforto no momento de luto e para explicar todo o processo de doação de órgãos. A decisão é sempre da família, e o diálogo é fundamental para que esse gesto seja possível.
Confirmada a autorização, inicia-se uma corrida contra o tempo. Profissionais especializados realizam a captação dos órgãos, que são avaliados e preparados para o transplante. A logística envolve transporte rápido e seguro — muitas vezes com o apoio de aeronaves — até os centros cirúrgicos onde os receptores já aguardam.
O coordenador da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), coronel Marcus Costa, avalia que um único voo pode impactar várias vidas. De acordo com ele, a missão já começa levando a equipe de captação até a unidade de saúde onde está o doador e, em seguida, os levando até o paciente que receberá o transplante. “Isso possibilita que o órgão, logo após ser retirado do doador, possa ser imediatamente transportado, de modo que a sua vida útil tenha ainda uma efetividade maior, e, consequentemente, uma possibilidade de maior sucesso no transplante”, ressalta o integrante da segurança pública estadual.
Conforme o coordenador, ao longo deste ano já foram realizadas 14 missões. Em cada uma delas, é possível transportar vários órgãos simultaneamente, o que, após o transplante, garante qualidade de vida para alguns pacientes e representa a chance de sobrevivência para outros. “Para nós, da Ciopaer, é um orgulho e uma honra poder prestar esse serviço à sociedade cearense”, afirma.