O advogado Francisco Leopoldo Martins (foto) enviou à Coordenação Científica e Cultural da Expocrato 2025, carta de sugestões com alterações para a realização da maior feira agropecuária do Ceará. A ideia é aproximar os organizadores, realizadores e órgãos governamentais com público
Confira:
Crato/CE, 04 de julho de 2025
Ao Grupo Gestor da EXPOCRATO,
À Coordenação Científica e Cultural da EXPOCRATO/2025
Dra. Suellem Fortaleza Pinheiro
Recebam meus cordiais cumprimentos.
A EXPOCRATO, como é de conhecimento de todos, é um dos maiores e mais tradicionais eventos do interior nordestino, nascido da força do campo, da agropecuária e do trabalho dos pequenos produtores rurais. É justamente por reconhecer a grandeza dessa história que venho, com espírito colaborativo e respeito institucional, apresentar sugestões para o aperfeiçoamento do modelo atual, especialmente no que se refere à dimensão do agronegócio e do atendimento às reais demandas do produtor rural.
Um ponto de atenção urgente diz respeito ao formato da participação dos órgãos governamentais, cuja presença, embora numerosa e bem estruturada visualmente, tem se limitado à ocupação de estandes com distribuição de cartilhas, folhetos e material promocional institucional — frequentemente com linguagem técnica, distante da realidade do público-alvo e, por vezes, carregado de viés político e publicitário.
Falta utilidade prática. O público majoritário — agricultores familiares, criadores, jovens do campo, empreendedores rurais — busca orientação técnica, capacitação, acesso a tecnologias e soluções que impactem positivamente sua produção e qualidade de vida. Infelizmente, o que se oferece, na maioria dos casos, é um acervo ilustrado de ações governamentais passadas, sem diálogo direto com as dificuldades e desafios enfrentados no presente.
Dessa forma, seguem algumas sugestões concretas para reverter esse cenário:
EMATERCE: realização de cursos e oficinas diárias com temáticas práticas como manejo de culturas, consórcios agrícolas, uso racional da água e adubação orgânica;
ADAGRI: orientação sobre vacinação, manejo sanitário, emissão de GTA e demais documentações essenciais;
IBAMA e SEMACE: estandes com ações educativas, simulações de processos de licenciamento, dicas práticas para regularização ambiental e prevenção de infrações;
DNOCS e Secretaria de Pesca do Estado: distribuição de alevinos, minicursos sobre piscicultura e manejo de pequenos reservatórios;
Secretarias de Agricultura e entidades de extensão: experimentos agrícolas, orientações sobre crédito rural, cooperativismo e boas práticas;
IFCE, universidades e institutos técnicos: parcerias para oficinas, demonstrações tecnológicas, plantios experimentais e atividades educativas integradas.
E, por fim, uma sugestão que considero central para uma verdadeira valorização da essência da EXPOCRATO: que se busque um equilíbrio no financiamento e nos investimentos destinados ao evento. Se para a contratação de artistas foi possível destinar R$ 16 milhões, é razoável — e absolutamente necessário — que valores equivalentes, ou até superiores, sejam investidos no fomento ao agronegócio e à modernização da cadeia produtiva rural.
Essa equidade não é apenas uma questão de justiça histórica com a origem do evento, mas também um compromisso com o futuro sustentável e produtivo da região.
Agradeço a atenção e me coloco à disposição para contribuir com ideias, articulações e ações que resgatem e fortaleçam a vocação agropecuária da EXPOCRATO.
Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado