quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Discurso de Bolsonaro busca atrair nordestinos, após fala depreciativa na semana passada


Em tom de pré-campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou manter um discurso de aproximação ao povo nordestino, durante Cerimônia de Inauguração do Núcleo de Controle Operacional da Transposição do Rio São Francisco, ontem (8), no município de Salgueiro, no Pernambuco, estado pelo qual o Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, deve concorrer à vaga de senador ou de governador em outubro.

Utilizando termos regionais, como “cabra da peste” e afirmando ser “um prazer retornar ao meu Nordeste”, cinco dias após ter se referido aos nordestinos como “pau-de-arara” durante a transmissão de uma live, Bolsonaro voltou a criticar o STF por ter autorizado prefeitos e governadores a adotarem ações de combate à Covid-19, fez referências ao Seguro Emergencial e criticou desvios ou projetos mal geridos no BNDES, Caixa Econômica Federal e na Petrobras durante governos petistas.

“Ao longo também de 14 anos [gestões Lula e Dilma] a Petrobras, por desvios e projetos malfeitos, enfrentou endividamento de R$ 900 bi. Vocês estão pagando essa conta no preço dos combustíveis na bomba”, disse. O presidente afirmou que o governo tem muita coisa para mostrar à população, “apesar de uma pandemia, que levou muita gente embora”.

“Tudo o que eu previ lá atrás se transformou em realidade. Devemos sim, como disse lá atrás, enfrentar o vírus e o desemprego. Ambos matam. Ambos nos levam a miséria, a pobreza. […] quando chegou 2020, e apareceu a pandemia, tínhamos que atender os mais necessitados. Porque, eu não quero criticar agora governador ou prefeito. Muitos erraram tentando acertar. O que é comum. O duro é não ver que aquele que errou não queira reconhecer o seu erro. Quando determinaram que vocês ficassem em casa, e aqui tem muita gente que vive da informalidade, vive do emprego humilde sem carteira, ou sem estabilidade, iam fazer o que em casa? Muitos trabalhavam para levar um prato de comida a noite para sua família. Foram jogados ao esquecimento. Lockdown, fique em casa, toque de recolher. A vida continua, porra”, bravejou Bolsonaro.

O presidente afirmou ter criado o Programa de Auxílio Emergencial em tempo recorde, esmo sob críticas de opositores. “O gasto em 2021 com Auxílio Emergencial equivaleu a 15 anos de Bolsa Família”, avaliou.

“Tivemos dificuldades. Naquele momento, a proposta que veio do ex-presidente da Câmara era cortar em 25% o salário de todo mundo, para poder enfrentar a pandemia. A outra proposta foi congelar o salário por um ano e meio. Fizemos o menos traumático. Enfrentamos a panelinha. A mim não coube, ou não couberam, as medidas contra a Covid. Esse poder foi delegado a Estados e Municípios pelo Supremo Tribunal Federal”, ressaltou.

Conforme Bolsonaro, o governo federal atendeu a população “com recursos para material de saúde para equipar hospitais e criar hospitais de campanha, bem como no atendimento a governadores e prefeitos com expectativa de perda de receita”.

Sem falar de eleições, Bolsonaro disse que reconhecerá aqueles que caminham ao lado do governo, A fala aconteceu entre a troca de olhares de Bolsonaro com o Ministro Gilson Machado e com o deputado federal Capitão Wagner (PROS), pré-candidato ao governo do Ceará nas eleições deste ano.

“Vamos, cada vez mais, reconhecer cada um que está do nosso lado, que nos ajuda, desde as primeiras horas do dia, até quando retornamos à nossa casa, que é a nossa sagrada família, que essa esquerda tenta destrui-la a todo o momento”.

Bolsonaro também mandou recado à Imprensa ao afirmar que, durante os últimos três anos, nenhuma tentativa de censura foi imposta pelo governo. A fala do atua chefe do Executivo choca com declarações do ex-presidente Lula, que disse que irá “regular” meios de comunicação, caso retorne ao poder.

Fonte: Roberto Crispim

Foto: Alan Santos

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