segunda-feira, 25 de maio de 2020

Moro justifica silêncio durante reunião ministerial: "não existe espaço ali para o contraditório"

Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, justificou seu silêncio durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, tornada pública na última sexta-feira, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que apura a suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Moro criticou a falta de espaço para opiniões que divergiam com as do presidente da República.

Questionado sobre sua saída da reunião após ter ficado em silêncio e de braços cruzados em todo o período que esteve presente, Moro disse: “Eu estava bastante desconfortável e incomodado com a reunião, como eu já disse não tinha espaço para o contraditório e eu acabei saindo porque queria ter saído antes”.

Sobre silêncio após o ministro Abraham Weintraub (Educação) defender cadeia a ministros do STF, Moro afirmou não ser “presidente da reunião”. “Eu não estava confortável, parece muito claro, me sentia incomodado por vários aspectos. Veja, eu estou dentro de um governo e eu tenho algumas limitações do que posso externar publicamente, e eu já tinha esse problema que vinha há tempos em relação à Polícia Federal”. comentou.

Em relação a falta de diálogos com Bolsonaro sobre temas que envolvessem a PF, o ex-ministro disse que preferiu esperar outro momento.“Quando em relação das coisas relativas a interferência na Polícia Federal eu tinha uma reunião com o presidente na quinta-feira, no dia seguinte e sinceramente acho que esses assuntos eram mais apropriados a serem discutidos numa reunião entre eu e o presidente” disse.

Moro afirmou ter percebido uma “subida de tom nos últimos meses” por parte de Bolsonaro. O ex-ministro também comentou sobre a ausência da discussão sobre formas de enfrentamento ao novo coronavírus na reunião, afirmando que o presidente tem uma posição “negacionista em relação a pandemia” e que outros aspectos relacionados aos conteúdos do encontro “deveriam ser questionadas ao presidente da República”.

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