Foi assim com Diva Oliveira e o filho, Rubens Gabriel, de 9 anos, que chegaram ao espaço logo no início das atividades, ainda em outubro. Rubens tem seletividade alimentar severa e, por muito tempo, sua rotina de alimentação se restringiu a um cardápio curto e previsível: batata frita, pipoca e, na lancheira da escola, sempre o mesmo combo batata sensação e um suco industrializado.
Diva lembra com clareza do período mais difícil, quando o filho chegou a ter um episódio de hipoglicemia. “Eu já vi o meu filho passar mal por não conseguir comer. Ele não aceitava nenhum alimento novo ”, diz, com a voz embargada.
A virada começou depois da consulta com a nutricionista do Espaço Evoluir. Sem pressão, com acolhimento e estratégia, a profissional orientou para que Diva fosse apresentando novos alimentos a Rubens de forma gradual, sempre respeitando seus limites. “Na segunda semana eu já vi diferença. Ele ainda não come tudo, mas está aceitando alimentos novos. Para mim, isso já é tudo”, diz Diva, emocionada.
E é o próprio Rubens quem confirma, com a sinceridade e leveza típicas da infância, que sua relação com a comida está mudando. Ele conta que hoje adora churrasco, especialmente carne de boi acompanhada de farofa e que já topou experimentar arroz “um pouquinho”. Também descobriu novos sabores: passou a gostar de suco de laranja e goiaba, e agora aceita frutas como maçã, uva e banana para levar à escola. “Para mim, isso já é tudo. Ver ele comendo algo saudável é uma vitória gigantesca”, conta.
Atendimento individualizado e estratégias fortalecem a evolução alimentar
A nutricionista do Espaço Evoluir, Layla Wynny, explica que o atendimento começa com uma investigação detalhada da história alimentar e familiar da criança. “Precisamos entender a raiz da queixa”, afirma. Isso inclui desde informações sobre amamentação até a identificação de possíveis sinais de sensibilidade sensorial, um fator decisivo em muitos quadros de seletividade”.
A seletividade alimentar, segundo ela, é a demanda mais recorrente no equipamento. Em muitos casos, as crianças excluem grupos inteiros de alimentos, como proteínas, frutas ou verduras, o que pode gerar carências nutricionais importantes, como deficiência de vitamina D, ferro, vitaminas do complexo B, fibras e zinco. “Esse acompanhamento nutricional é primordial tanto para o crescimento como o desenvolvimento saudável dessa criança”, conta.
Para ampliar o repertório alimentar, a nutricionista utiliza estratégias práticas, sempre adaptadas ao perfil de cada criança. Entre as principais orientações, estão:Exposição gradual ao alimento: primeiro cheirar, depois tocar, participar da receita, lamber, aproximar dos lábios, até aceitar colocar na boca.
Metas e acordos: para crianças que já conseguem compreender etapas, são definidos pequenos desafios realistas.
Ambiente calmo e acolhedor: sem conflitos, barulho ou estímulos excessivos, que potencializam a recusa.
Manter o alimento à vista: mesmo que não seja consumido, estar próximo ajuda a criança a se familiarizar com ele.
