terça-feira, 20 de maio de 2025

Sátira, por Dr. Leopoldo Matins Filho: "Câmara Municipal de Amémópolis"


Câmara Municipal de Amémópolis

Bem-vindo à Ilustríssima Câmara Municipal de Amémópolis, onde a democracia é viva, vibrante e... submissa.

Os nobres vereadores, carinhosamente apelidados de “Os Vinte e Um Apóstolos do Amém”, exercem com maestria a arte de concordar. O prefeito fala, eles assentem. O prefeito propõe, eles aplaudem. O prefeito espirra, eles aprovam uma moção de parabéns.

Durante as sessões, a trilha sonora oficial é o som sincronizado de cabeças balançando positivamente, como uma orquestra de bonecos de posto e aceno de lagartixa. A oposição? Ora, oposição em Amémópolis é uma lenda urbana, como lobisomem ou Wi-Fi bom em plena floresta.

Certa vez, o prefeito pediu autorização para pintar os postes da cidade de azul-neon fosforescente “para promover a paz espiritual noturna”. Em 7 segundos, os vereadores aprovaram a proposta por unanimidade e ainda sugeriram criar o “Dia Municipal do Poste Brilhante”.

Fiscalização? Claro! Todo mês, os vereadores visitam a prefeitura para fiscalizar... o cafezinho. Uma vez, um deles encontrou um biscoito vencido na copa. Foi o escândalo do ano — pediram até uma CPI: Comissão Pró-Inocentação.

Recentemente, um projeto ousado foi aprovado: a instalação de uma estátua do prefeito em cada rotatória da cidade. Justificativa? “É para que o povo nunca se perca de seu líder.”

No final das sessões, os vereadores se reúnem para o ritual tradicional: repetir em coro “Sim, senhor prefeito!” três vezes, bater palmas e encerrar com um sorriso protocolar. A ata é redigida previamente — já sabem que tudo será aprovado de qualquer jeito.

E assim segue Amémópolis, a cidade onde o prefeito governa, legisla, executa e ainda é aplaudido de pé. Afinal, quem precisa de equilíbrio entre os poderes quando se tem uma harmonia tão... obediente?

Francisco Leopoldo Martins Filho

Advogado

Membro Efetivo da Comissão Eleitoral da OAB/CE

* Alguma semelhança com algum município brasileiro é mera coincidência, pois, trata-se de uma sátira genérica.

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