Três cineastas do Cariri participam da primeira edição do Festival Ceará Voador de Cinema, que começou na segunda-feira, 5/5, com oficinas, e dá início nesta quinta-feira, 8/5, no Centro Dragão do Mar, à etapa de exibição dos filmes, seguidos de debates com os diretores e diretoras. Tudo com entrada franca, em um grande encontro do cinema cearense, em um evento diferenciado pela preocupação com a acessibilidade cultural e com a presença de públicos historicamente com dificuldades de frequentar salas de cinema.
Três filmes de realizadores/as do Cariri foram selecionados para o festival. Dois para a mostra competitiva de curtas-metragens. Além de um longa-metragem, exibido de forma especial, não competitiva. “Linhas de Soco”, do diretor Rafael, de Juazeiro do Norte, é uma produção de 2014, com 20 minutos de duração. Idealizado com o intuito de fomentar e viabilizar a cultura das batalhas de rima do Cariri cearense, o documentário exibe vivências, depoimentos e muitas rimas que constroem a cena de rap da região. Os entrevistados relatam como a realidade das batalhas mudaram e ressignificaram suas vidas. Mesmo com artistas tendo participado de eventos em nível nacional, eles apontam que as batalhas seguem sem apoio e sem incentivo enquanto movimento social, cultural e político.
“Faísca”, de Bárbara Matias Kariri, do Crato, foi produzido já neste ano e tem 12 minutos de duração, com gênero ficção-performática-indígena. Aborda a história de quatro mulheres de diferentes gerações que, após um conflito familiar, se reencontram e desenterram um segredo ancestral. Entre silêncios e rituais, tentam reconstruir os laços rompidos pelo tempo. A ancestralidade se manifesta em gestos, sonhos e no contato com a natureza. Aos poucos, revelações profundas transformam suas vidas. O passado retorna para guiá-las em um caminho de cura e pertencimento.
Já o longa-metragem é “Todas as vidas de Telma”, de Adriana Botelho, de Juazeiro do Norte, produção que conta com 72 minutos. No docuficção, Ana vai ao Crato realizar uma pesquisa sobre a fotógrafa Telma Saraiva. Faz uma viagem de volta para casa, em busca dos significados das imagens.
O Festival Ceará Voador
Idealizado e dirigido por Sara Síntique, escritora, atriz, gestora e produtora cultural, o festival propõe uma experiência marcada pela democratização do acesso ao cinema, voltada especialmente para pessoas que têm pouco acesso às salas de exibição, mas também aberta ao público em geral.
A programação destaca o audiovisual cearense e promove a reflexão sobre o fazer cinema no estado, com direito a debates após cada sessão de filmes. O festival tem início nesta segunda-feira, 5/5, no coreto do Poço da Draga, o Pavilhão Atlântico, com as oficinas de cinemas para idosos, sob os temas "O cinema que guardo aqui", com Leonardo Câmara, das 16h às 17h30, e "Filmes-carta", com Rúbia Mércia e Elen Andrade, das 18h30 às 20h. As oficinas, realizadas em parceria com o Instituto Velaumar, coordenado por Isabel Lima, se destinam ao público idoso já atendido pelo Instituto e integram as celebrações pelos 119 anos de luta e resistência da comunidade.
Já nos dias 8, 9 e 10 de maio, de quinta a sábado, à tarde e à noite, acontecem as exibições dos filmes selecionados para o festival, incluindo dois longas-metragens e os 15 curtas que compõem a Mostra Competitiva, com premiação.
Serviço:
I Festival de Cinema Ceará Voador. Exibição de filmes de 8 a 10 de maio, na Sala 2 do Cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
Entrada franca.
Oficinas, para público previamente definido, em parceria com o Instituto Velaumar, de 5 a 7 de maio no Coreto em frente à Ponte Velha, na comunidade do Poço da Draga.
O acesso ao Centro Dragão do Mar se dá pelas avenidas Leste Oeste, 81 (a entrada dos museus), e Pessoa Anta, 374 (perto da Caixa Cultural Fortaleza). Mais informações: Instagram @festivalcearavoador