Por Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado
A Expocrato, um dos maiores eventos agropecuários do Nordeste, tem atraído anualmente milhares de visitantes, produtores e expositores de diversas regiões. No entanto, a participação dos órgãos públicos no evento ainda deixa a desejar. O que se vê, em grande parte, são estandes com cartilhas, folhetos e materiais promocionais que pouco dialogam com as reais demandas do agronegócio regional.
Apesar do investimento em comunicação visual e distribuição de material institucional, falta utilidade prática. O público, composto em grande parte por trabalhadores e empreendedores rurais, busca soluções, capacitação e acesso a tecnologias que possam impactar diretamente sua produção e qualidade de vida. Mas o que recebem, na maioria das vezes, é um apanhado de propaganda institucional, muitas vezes com viés político, exaltando ações passadas do governo.
Na contramão desse modelo engessado, a Expocariri surge como exemplo de como os órgãos públicos podem – e devem – atuar em eventos dessa natureza. Lá, a participação não se resumiu à exibição de panfletos. Houve demonstrações práticas de técnicas de cultivo, plantios experimentais, orientações técnicas, oficinas e minicursos. A presença institucional foi transformada em ação concreta.
A diferença entre os dois modelos é clara. Enquanto um se limita à retórica, o outro aposta em experiências vivas, formação técnica e diálogo direto com os desafios do campo. É essa transformação que se espera da EXPOCRATO nos próximos anos.
Especialistas e representantes do setor produtivo já apontam a necessidade urgente de os órgãos públicos assumirem um papel mais proativo e útil. É hora de trocar a autopromoção pela escuta ativa, a exposição institucional pela construção coletiva, e o discurso decorado pela prática transformadora.
A Expocrato tem potencial para muito mais. Basta que os entes públicos deixem de ser figurantes e passem a atuar como verdadeiros agentes de desenvolvimento. Mais ação, menos discurso — esse é o caminho para um evento que realmente represente e fortaleça o agronegócio da região.
Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado