domingo, 3 de agosto de 2025

A COP da Gastança em Belém


Por  Leopoldo Martins Filho

Advogado

Membro Efetivo da Comissão Eleitoral da OAB/CE

Membro Consultor da Comissão Especial Eleitoral da OAB/NACIONAL

Se a COP do Clima pretende discutir soluções sustentáveis para o planeta, talvez o primeiro item da pauta deva ser a própria sobrevivência financeira dos participantes em solo paraense. A conferência do meio ambiente, prevista para acontecer em Belém, mal começou e já enfrenta seu primeiro desastre ecológico: a extinção das diárias acessíveis.

O objetivo do evento é nobre: reunir líderes mundiais para frear o aquecimento global, reduzir emissões e salvar a Amazônia. Mas antes disso, os delegados precisarão enfrentar um novo desafio climático: a “temperatura inflacionária” dos preços dos hotéis. Há relatos de diárias que ultrapassam R$ 6.000 — sem incluir café da manhã, repelente ou bênção dos pajés. É a COP ou um pacote VIP para Dubai?

Enquanto líderes mundiais discutem reflorestamento, os hoteleiros locais praticam o desmatamento da carteira. E o que era pra ser uma oportunidade de mostrar a riqueza natural do Norte virou piada internacional: Belém virou meme global antes mesmo do evento começar.

Dizem que o turismo é a indústria sem chaminés. Mas, pelo visto, em Belém ela vem soltando fumaça: a fumaça do lucro fácil. O mercado descobriu que é mais rentável explorar turistas do que extrair madeira ilegal — com a vantagem de não precisar de motosserra, só de máquina de cartão.

Organizadores da COP temem que os preços desmatem a lista de convidados. ONGs já falam em “boicote ambiental-financeiro”, acadêmicos cancelaram reservas e até os líderes europeus cogitam participar por videoconferência, direto de suas casas — onde o aquecimento global é forte, mas os preços são mais amenos.

Claro, os defensores dos altos preços dizem que é a chance de Belém “lucrar com o protagonismo internacional”. Só esqueceram que não adianta virar protagonista se o teatro está vazio. A COP corre risco de virar uma reunião com meia dúzia de gatos pingados... e nem os gatos conseguirão pagar a diária.

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