sábado, 22 de junho de 2019

Deltan e outros procuradores apoiavam publicar material obtido por vias ilegais antes de serem alvos


O Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol e outros procuradores da República defenderam, em grupo no aplicativo Telegram, o direito da imprensa publicar materiais obtidos por vias ilegais. As conversas fazem parte de novas informações divulgadas pelo site The Intercept Brasil (TIB). De acordo com o TIB, em novembro de 2015, em um chat chamado PF-MPF Lava Jato 2, Deltan alertou aos colegas que investigar jornalistas, responsáveis por publicação de material vazado, seria "praticamente impossível". Segundo ele, "jornalista que vaza não comete crime".

As novas conversas, reveladas pelo The Intercept, expõe a postura de Deltan durante a redação de manifesto sobre liberdade de expressão. Quando, em maio de 2018, o coordenador da força-tarefa Lava-Jato e outros agente redigiram o texto em defesa da liberdade de expressão, para proteger um dos procuradores, à época ameaçado de punição por criticas à Justiça Eleitoral.

Para tanto, os procuradores criaram um grupo de conversa no Telegram chamado Liberdade de expressão CF. Um dos pontos é ressaltado pelo coordenador da força-tarefa.

17:15:22 Deltan: “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.”

Em maio de 2016, no twitter, o procurador compartilhou vídeo em defesa do então juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, após vazamento de áudios envolvendo o ex-presidente Lula.

A postura de Deltan, no entanto, é diferente no atual contexto, onde ele é acusado de manter relação colaborativa com Sérgio Moro durante as investigações da Lava-jato. Em vídeo publicado no Facebook, o procurador chama de criminoso o meio utilizado pelo site para conseguir e publicar as mensagens trocada entre acusação e juiz, além de outros procuradores.

Outra conversa, datada de janeiro de 2017, mostra os procuradores lamentando o fato de o Brasil ter caído no ranking de percepção de corrupção, publicado pela transparência Internacional. Além disso, expressaram admiração pela Dinamarca, primeiro país na classificação.

08:04:22 Monique https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_201

08:05:19 Monique Saiu o índice de percepção da corrupção de 2016. Brasil caiu 3 posições. Aliás, 2/3 dos países caíram de posições. Dinamarca ainda liderando.

08:20:47 Monique É a matéria que saiu ontem.

08:21:39 Aqui

08:25:45 Esse artigo antigo explica o sempre sucesso da Dinamarca e atribui uma das causas ao fato do país incentivar os “whistle-blower”: http://budapesttimes.hu/2013/03/19/why-denmark-always-finishes-on-top/

08:33:49 Livia Tinoco Infelizmente, estamos muito, muito longe do modelo da Dinamarca

08:43:25 Monique “Many companies also make use of so- called “whistle-blower” systems that have become very popular in Denmark”.

08:44:07 Enquanto aqui no Brasil há “complexa” discussão se o delator é imoral ou não.

O The Intercept Brasil divulgou os novos trechos dos diálogos entre os procuradores às 15 horas 13minutos deste sábado para seguidores de lista de e-mails do site. A matéria completa deve ser divulgada nas próximas horas.

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