Por Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado
Membro Efetivo da Comissão Eleitoral da OAB/CE
Ah, as festas populares! Aqueles eventos mágicos onde a cidade inteira se reúne para celebrar sua cultura, comer pastel de vento e disputar quem dança mais empolgado ao som de um trio elétrico desafinado. Mas há uma figura ilustre que nunca falta nessas ocasiões: o político apaixonado.
Sim, aquele ser iluminado que, curiosamente, adora absolutamente tudo sobre o evento — mesmo que seja a primeira vez que pisa ali e precise perguntar se aquilo é uma quadrilha ou uma manifestação. Ele chega sorrindo, cercado de assessores, distribuindo apertos de mão como se fosse o novo Messias das emendas parlamentares.
— "Eu sempre tive um carinho especial por essa festa! Fiz questão de vir pessoalmente prestigiar esse momento tão importante!" — diz, enquanto um assessor sussurra o nome da cidade no ponto eletrônico porque ele já se confundiu com a do município vizinho.
E lá vai ele, tirando selfie com o pessoal da barraca do cachorro-quente (sem comer nada, é claro, porque vai que passa mal e vira meme), tirando foto com a rainha da festa (com a esposa mandando mensagem no WhatsApp perguntando “quem é essa?”) e, principalmente, tentando subir no palco em busca do microfone mais próximo para discursar por sete minutos sobre como sempre sonhou com aquele evento que descobriu ontem.
Mas o mais bonito é a sinceridade. Afinal, todos ali sabem que ele só apareceu porque tem eleição no horizonte — ou no mínimo, uma chance de sair na TV local e garantir mais uns cliques no Instagram com a legenda: “Festa linda, povo acolhedor. Contem sempre comigo!” (tradução: “Vote em mim, se der”).
E assim seguimos, entre bandeirolas e promessas, com políticos que amam profundamente cada cidade… por 15 minutos. Ou até o próximo evento com cobertura da imprensa.