A Rede Permanente de Combate à Intolerância Religiosa do Cariri realizou no final de semana uma manifestação na cidade de Aurora, na Região do Cariri, para protestar contra um atentado sofrido pela adepta do candomblé, Ebomy Suzy de Oya Balé. Segundo a Rede, Ebomy Suzy foi alvo de agressão física e verbal por sua escolha religiosa e ainda teve a casa pichada por imagens de "demônios" em demonstração do completo desconhecimento, desrespeito e intolerância à sua prática religiosa.
A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso VI, preceitua que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Todas as pessoas e suas respectivas religiões merecem proteção e respeito. É fundamental resguardar as liberdades de cada indivíduo, inclusive com relação a diferenças humanas de consciência e crença, e combater a disseminação do ódio entre as pessoas, fundado em intolerância religiosa.
Expedientes desta natureza distorcem a importância histórica e cultural das religiosidades negras, dos Babalorixás e Ialorixás, considerados guardiões da memória de povos africanos escravizados no Brasil e que muito contribuíram para a formação social, histórica e cultural deste país.
O atentado foi registrado na delegacia de Aurora como meio de garantir a integridade física da vítima, bem como para exigir punição aos agressores.
No dia 15 de setembro de 2014 foi criado a Rede Permanente de Combate à Intolerância Religiosa do Cariri composta por adeptos das religiões de matriz africana, por ativistas sociais do movimento negro, por estudantes, trabalhadores e representantes da sociedade civil a fim de fortalecer a integração, articulação e organização do Povo de Terreiro para garantia do respeito à liberdade de culto, se opondo a qualquer manifestação de intolerância e desrespeito aos praticantes de religiões de matriz africana.
O ato público realizado no sábado no município de Aurora contou com a participação de centenas de pessoas que pediam garantia para a liberdade religiosa. Também foi assinada uma nota de repúdio contra os casos de intolerância religiosa que se proliferam na região do cariri cearense, bem como no restante do nosso país que deve prezar pela laicidade prevista na Constituição Brasileira.