quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Interferência de facções nas eleições no Ceará desafia autoridades

Investigação do Ministério Público do Ceará (MPCE) indicou que o crime organizado financia candidatos cearenses. No dia 22 de agosto, O POVO noticiou que uma circular assinada pelo Comando Vermelho (CV) orienta integrantes da facção a não permitirem que moradores votem em determinados candidatos ou que o material de suas campanhas cheguem aos territórios.
O avanço da opressão das facções é algo difícil de ser controlado, conforme César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência, vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele analisa que o envolvimento do crime nas eleições cearenses era uma questão "esperada".

"Com o crescimento da atuação dos criminosos, o peso eleitoral é usado na disputa de espaço. No Rio de Janeiro, por exemplo, até associações comunitárias são envolvidas neste processo", exemplifica, sobre o voto orientado.

Em 2016, escutas telefônicas no Rio de Janeiro apontaram que haveria facção financiando centenas de candidatos pelo Brasil. Nos últimos anos, houve vários casos, no Ceará inclusive, de vereadores presos acusados de envolvimento com tráfico de drogas.

2018
No comunicado da "Família CV CE", foi especificado que não há apoio a políticos que apoiam a ditadura, a tortura e a invasão de casas por policiais. A ordem é acabar com "qualquer panfleto, placas, faixas, comício ou evento".
"No bojo desta investigação do Ministério Público, surgiu esse elemento de componente eleitoral e veio a nós, em relação ao financiamento de candidato por parte de organização criminosa", completou o procurador regional eleitoral Anastácio Tahim.

As apurações do órgão ministerial ainda são “incipientes”, conforme Tahim. O POVO Online tentou obter outras informações, mas o MPCE afirmou não se pronunciar sobre o assunto. O TRE-CE também negou posicionamento, justificando que poderia atrapalhar o plano de segurança elaborado para o pleito. Confirma?
Apesar das coações, Raquel Machado, professora de Direito Eleitoral da UFC, diz que vítimas estão protegidas já que o voto é secreto. "É necessária educação eleitoral para conscientizar de que há liberdade nas urnas", diz.

(O Povo)

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