sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Crônica do Renato Casimiro: "Boa Tarde para Você: Vitor Carleial de Casimiro"

Vitor Casimiro.

Hoje eu estive pensando em você, Vitor, na sua tão focada vocação de jornalista, na sua formação esmerada, entre Paris-Sorbonne e Curitiba, nas suas experiências vividas pelo mundo e, principalmente, no que daqui a pouco tudo isto estará lhe reservando de futuro.
Pode não parecer, mas este instante que escolhi para cumprimenta-lo é destes momentos em que, vez por outra, sentado à frente do computador, eu tenho produzido para esta ocasião alguns textos que me causam o enorme desconforto, por me fazer experimentar uma emoção incontida que me leva às lágrimas.
Estas coisas, Vitor, não nos acontecem desconectadas do mundo que nos cerca, como o fato de que o atentado terrorista perpetrado por radicais islâmicos contra uma equipe de jornalistas do semanário francês Charlie Hebdo, em Paris, trouxe de volta as preocupações para com a intolerância política e religiosa que se abriga na alma de gente sectária.
Quem de nós, os que viviam a universidade em meados dos anos 60, não lembrará o grande levante que se estendeu, da França para o mundo inteiro, e não foi diferente aqui no Brasil, com a agitação que desembarcou no terrível AI-5, em 1968, e que parece ainda não terminou?
Estas coisas, Vítor, não nos acontecem desconectadas do mundo que nos cerca, como as angústias de viver o clima horroroso de insegurança que está posto frente aos nossos filhos, e as incertezas que nos chocam por viver um pais de enormes contradições e grandes demandas sociais insatisfeitas.
Estas coisas não nos acontecem desconectadas do mundo que nos cerca, Vitor, pois elas não são alheias à nossa humanidade, a que nos une, cidadãos e Estado, certos de que ainda nos vale a advertência: Não sois máquina! Homens é que sois!
Estas coisas não nos acontecem desconectadas do mundo que nos cerca, enfim, Vitor, se pensamos juntos um mundo melhor que não dispense a nossa crença, o nosso entusiasmo, a nossa força de trabalho e a nossa habilidade para superar tantas adversidades.
Perdão, Vítor, mas tomei este gancho do jornalismo e o fato recente e marcante, para tentar me firmar no objeto mais direto de minha mensagem.
Antes disso, me deixe dizer-lhe como tem sido emocionante para este seu pai, tê-lo como filho amado, expectativa daquilo que um dia não me foi possível realizar, esperança de ver povoado este país por uma nova consciência que nos reanime por conquistas sociais.
Hoje, seu último dia de trabalho aqui conosco, você se despede da delegacia local da Receita Federal do Brasil, para seguir a continuidade do caminho na sua instituição, nos deixando muitas saudades.
Quando você chegou aqui, há uns três anos, você não era diferente do que nos parecia ainda um garoto que tanto afeto nos dispensava, mas que já se habilitara no jornalismo, e na auditoria fiscal, reunindo uma experiência que se fez respeitável.
Vamos sentir muitas saudades suas, Vitor, do seu sorriso franco e brincalhão, do seu bom humor tão refinado, da sua sinceridade indisfarçável, da sua fidelidade ao trabalho e da responsabilidade social que amadureceu em sua personalidade, com requintes de grandeza e dignidade, e que sempre se manifestou solidária a todos nós.
Uma certeza, esta nós temos: onde quer que você esteja, aí estará também a nossa confiança, a nossa esperança, que não é apenas a da sua família, dos seus amigos, e de muitos daqui que tiveram o privilégio de conhecê-lo de perto, para também, como nós, experimentar que poderá existir por tais exemplos uma nova pátria que se agiganta por nossos filhos.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 09.01.2015 e publicada as segundas, quartas e sexta-feira nesse blog)

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