segunda-feira, 3 de setembro de 2018

As promessas dos candidatos para a economia do Nordeste

Foto: Reprodução
Em mais de uma década de eleições presidenciais no Brasil, os candidatos que venceram no Nordeste foram os que chegaram ao Palácio do Planalto. A região experimentou importante desenvolvimento nos últimos 14 anos, mas ainda consta como a mais desigual e enfrenta problemas graves de violência e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Para a economia, os postulantes têm visões distintas de como alavancar os noves estados nordestinos.
Ex-governador de São Paulo, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) incluiu medidas desenhadas especialmente para a região. Em 2006, ele teve um dos piores desempenhos nas urnas no Nordeste. Ele defende que o Ceará e seus vizinhos serão "os maiores beneficiados" da reforma tributária que promete fazer. O tucano explica que a tributação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) passará a ser feita no destino, em vez da origem. O tucano acredita que a região, por ser populosa, receberá mais recursos pelo novo sistema.
"Vamos equacionar a questão da água, incentivar a agricultura e estimular a vinda de empresas, por meio da redução do imposto corporativo. Vamos melhorar a segurança e o turismo vai crescer", disse em visita ao Ceará no último sábado, 31. Alckmin também destacou o potencial turístico e de produção de energia eólica. Ao O POVO, ele afirmou ainda que gostaria de instalar um polo de inovação, como o Porto Digital de Recife, em todas as capitais nordestinas. Também fala querer concluir a Transposição do rio São Francisco e iniciar revitalização da bacia.
Único candidato com fortes raízes no Nordeste, Ciro Gomes (PDT) também defende a implantação do IVA para beneficiar o Ceará. Garante que, caso eleito, irá concluir as obras paradas, em especial a Transnordestina e a Transposição. Um dos principais motes de campanha do pedetista é a renovação do pacto federativo, com mudança na forma com que os recursos são repassados a estados e municípios. "Há caminhos dentro do Estado de direito democrático e das práticas republicanas para que a gente recelebre essa grave questão do pacto federativo brasileiro em relação à orçamentação", observou.
Natural do Acre, na região Norte, Marina Silva (Rede) prega que a região deve receber incentivos para se consolidar como polo de energia limpa. Ela também destacou o potencial de turismo, ainda pouco explorado. "Há uma grande quantidade de sol no Nordeste, no Semiárido, uma grande quantidade de vento. E isso pode se constituir numa base para um novo ciclo de prosperidade, uma nova economia que não aposta no velho ciclo que está sendo abandonado no mundo inteiro", disse.
Nenhum dos candidatos ameaça acabar com o Bolsa Família. A chapa do PT, que deve ser encabeçada por Fernando Haddad, após impedimento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foca no que chama de distribuição de renda regional.
A possível vice de Haddad, Manuela D'Ávila (PCdoB), disse que o Nordeste é prioridade no programa de governo da aliança PT-Pros-PCdoB-PCO. "Acabar com as diferenças regionais é prioridade para nós", destacou. Em entrevista a jornalistas em São Paulo, ela garante que o próximo mandato seria o de conclusão de obras como a Transposição.
Para Guilhermes Boulos (Psol), é preciso investimento mais acentuado no Nordeste. Ele defende a garantia da segurança hídrica da região, com financiamento de cisternas. "O Nordeste foi a região que mais visitei, mesmo antes do período de campanha. Tenho ouvido muito as pessoas", afirmou. A equipe do candidato informou que ele também quer investir em agricultura familiar, facilitando o microcrédito para pequenos produtores.
De acordo com a última pesquisa Ibope, a única região que Jair Bolsonaro (PSL) não lidera, nos cenários sem Lula, é o Nordeste. No entanto, o candidato ainda não tem agenda marcada para visitas a nenhum dos nove estados.
O programa de governo também não menciona medidas regionais. O POVO tentou contato com a equipe do candidato, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Os candidatos Henrique Meirelles (MDB) e Álvaro Dias (Podemos) também não chegaram a adereçar questões específicas sobre a região.
(O Povo)

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