quinta-feira, 8 de junho de 2017

Com presença de Paloma Rocha, filha de Glauber Rocha, Jericoacoara abre o VI Festival de Cinema Digital

Abertura e boas-vinda foram dadas por Teti

Cinema com o pé na areia. Jericoacoara recebeu na noite desta quarta-feira, 7 de junho, a abertura da sexta edição de seu Festival de Cinema Digital, que segue até o dia 13, com entrada franca em toda a programação, incluindo debates, oficinas e uma mostra competitiva com 30 curtas-metragens de realizadores de 13 estados brasileiros. A noite de abertura do festival contou com a presença do diretor do evento, cineasta cearense Francis Vale, e de Paloma Rocha, filha do cineasta baiano Glauber Rocha (1939-1981), comentando o filme "Terra em Transe", lançado há 50 anos e exibido no início do festival, como obra homenageada nesta edição.
 A efeméride de "Terra em Transe", um dos filmes mais emblemáticos de Glauber, conta com dois dias de seminário sobre a obra, nestas quinta e sexta-feira, com a participação de Paloma Rocha. Tendo como mestra de cerimônias a cantora Téti, do Pessoal do Ceará, o festival foi aberto com o público tomando a maior parte dos lugares no Polo de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Jericoacoara.
Paloma Rocha falou sobre o filme Terra em Transe

 "Nesses últimos meses a gente apresentou várias vezes o filme, mas hoje eu fico particularmente emocionada de apresentar pra vocês aqui hoje, pela força que ele tem", destacou Paloma Rocha.
 "A história se passa em qualquer país da América Latina, mas sobretudo fala muito sobre o janguismo no Brasil, a queda das esquerdas, depois a queda das direitas também. O que tá acontecendo agora que tá caindo tudo. E depois o que sobra é o triunfo da beleza, da poesia", complementou a filha de Glauber Rocha.
 Francis Vale, diretor do festival, agradeceu pela presença de Paloma Rocha e dos cineastas de 13 estados que vieram a Jericoacoara, especialmente para o evento. "É com muita alegria que fazemos mais esta edição do festival, porque queremos prestigiar os realizadores desses 30 filmes da mostra competitiva, além de homenagear os 50 anos do 'Terra em Transe'", ressaltou Francis, sob muitos aplausos.
 "Achávamos que alguém precisava fazer alguma coisa no Ceará para homenagear esse filme, ou passaríamos em branco. É um filme importante pra que nós compreendamos o que é o Brasil de hoje, inclusive, porque ele é um filme que trata da política brasileira durante o século XX, e quem sabe durante todos os séculos", apontou Francis Vale.
 Cópia salva após exílio de Glauber
 A cópia de "Terra em Transe" exibida na abertura do Festival de Jericoacoara Cinema Digital foi restaurada em 2003 e 2004, a partir de um interpositivo que estava na Alemanha, revelou Paloma Rocha. "Tanto este filme quanto 'O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro' e quanto inúmeros filmes brasileiros dessa época perderam seus negativos, suas cópias, porque os cineastas iam pro exílio e levavam esse material. Não se tinha nenhuma possibilidade de ver o filme. AS cópias eram deterioradas", frisou Paloma.
 "Foi feito um trabalho muito sério, com o Lauro Escorel, o Barreto, a gente reuniu toda a equipe original do filme, e conseguiu restaurar, com muita dificuldade. Mas chegamos a esse resultado que tá aqui. Hoje temos cópias em 35mm", acrescentou.
 Paloma Rocha destacou ainda o documentário "Depois do Transe", "muito rico porque tem o Glauber, com a generosidade que ele teve, deixando muita coisa gravada sobre o método de produção e criação, além de ele falar exatamente o que acontece com o filme", complementou Paloma, dedicando a exibição de "Terra em Transe" em Jericoacoara à avó, Lucia Rocha, mãe de Glauber.

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