quinta-feira, 19 de março de 2015

De cabeça erguida

Cid Gomes (PROS) sai do ministério da presidente Dilma Rousseff (PT), politicamente mais fortalecido do que quando entrou. Pouquísismos políticos brasileiros teriam a coragem de fazer o que ele fez, na tarde de quarta-feira (18), no plenário da Câmara dos Deputados, ao confirmar o que dissera na Universidade Federal do Pará, recentemente, sobre a existência de uns “400, 300 achacadores” naquela Casa. Ouviu o que não queria, mas foi duro, inclusive ao apontar para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e dizer que preferiria ser mal-educado a estar sendo investigado como ele (Cunha).
Neste momento, ainda no calor dos acontecimentos não dá para mensurar o tamanho do desgaste político para o Governo e para a Câmara. Falar mal por trás tem um resultado, mas dizer na frente, dá impressão de verdade e, mais ainda de coragem. Ser chamado de palhaço como o foi, por um dos parlamentares, e ameaçado de processo judicial, não confere ao acusado, como defesa, ser ele limpo ou vítima de uma acusação despropositada.
Cid saiu de Fortaleza, na noite da última terça-feira (17), determinado a sair do Governo, após sua estada na Câmara Federal. Ele ouviu ponderações de amigos e correligionários daqui, mas não os deixou muito esperançosos de que continuaria ministro. Ele, até com os mais próximos é bem reservado, mas quando determinou que levassem o seu carro particular para o Congresso já deixou bem claro que não sairia de lá mais como integrante do Governo.
E assim aconteceu. Ele mesmo foi dirigindo até o Palácio do Planalto, onde entregou o cargo. Os adversários dizem que foi exonerado. Faz parte do jogo político. É verdade que se não pedisse para sair ia sair de qualquer modo. O Governo não tem musculatura para manter um ministro que, como ele fez, afrontasse a Câmara ao dizer verdades olhando para a maioria dos deputados.
Certo é que, goste ou não dele, é forçoso se reconhecer, ser ele um político diferente da média geral, de coragem, qualidade reclamada a todos os homens públicos.
O futuro de Cid, até as eleições de 2018, depois dos episódios de ontem, ainda não dá para ser analisado.
(Blog do Edson Silva)

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