quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Crônica de Ranato Casimiro: "Boa Tarde para Você, João Hilário"


Eu não tenho meias palavras, João Hilário, para qualificá-lo como um profissional que se esmera e se empenha ao máximo para que no rádio, neste Jornal que se faz como melhor exemplo, seja dado ao nosso ouvinte o sentido maior da responsável liberdade de expressão.
Cada um de nós que forma na equipe deste Jornal da Tarde sabe exatamente o que representa a sua contribuição para que o noticioso não cumpra apenas a missão de informar, e da melhor maneira possível, mas também seja uma excelente caixa de ressonância, sobretudo porque o ouvinte aguarda a sua mais ampla satisfação, até pela investigação jornalística dos fatos.
A semana que passou foi particularmente importante para os que trabalham no mundo das comunicações, pelo relevante motivo de que mais uma vez se atentou contra a liberdade de imprensa, na dramática tragédia do Charlie Hebdo, em Paris.
Afinal, João Hilário, não seria diferente a repercussão sobre este ideal de liberdade para quem trabalha no rádio e especialmente numa região como a nossa, onde sabidamente ainda persiste um medo para se comentar e analisar certas coisas que tanto interessam ao povo pagador de impostos.
Este dia 14 de Janeiro, data em que o felicitamos por sua nova idade, João Hilário, é também um dia para reverenciar a memória de um certo Albert Schweitzer, nascido há exatos 140 anos na Alemanha, teólogo, músico, filósofo e médico que ganhou o Prêmio Nobel da Paz nos anos 50.
Recém-formado em medicina, ele foi embora para a África, ficou por lá meio século e será lembrado por uma grande reflexão sobre ética, pela frase lapidar: “A tragédia não é quando um homem morre; a tragédia é aquilo que morre dentro de um homem enquanto ele está vivo”.
E não há dúvida que é a esperança o que nutre a sua vida por esta liberdade, e marca o seu exercício ético na imprensa, com uma recusa sistemática ao desespero, as formas incivilizadas de agressão à vida, pois não é demais dizer que a ética é exatamente o combustível desta esperança.
Do pouco ou quase nada que sei de sua vida, João Hilário, sei o suficiente para testemunhar o quanto isto é importante para sua existência, bastando que nos lembremos um pouco dos seus momentos, pessoais ou profissionais, entre 2010 e 2011, e tudo mais que foi demonstrado por seu concurso, sem disputa odiosa, pois como nos adverte Paulo Freire, “a vida é muito curta para ser pequena”.
A sua manifestação sinaliza para nós que a liberdade de imprensa em nosso país é uma construção continuada, responsável e cidadã, a despeito que vez por outra seja o foco importante de decisões judiciais no conflito de interesses políticos e financeiros.
Felizmente, em tais casos, e como se viu tão recentemente, João Hilário, tem prevalecido a garantia à liberdade de imprensa e à própria democracia, quando se trata de proteger direitos constitucionais, pela apuração de eventuais delitos e privilégios pelo uso exorbitado da mídia, que também tocam à privacidade e à honra.
Por isso mesmo, dizemos nós também que no dia de hoje, não é apenas a felicidade pessoal do líder que importa, senão as suas lições de valor, de como se tem conduzido pelas veredas da vida, e como tão decisivamente tem contribuído para que este rádio seja renovado e aprimorado pela formação de seus quadros.
Ao cumprimenta-lo nesta passagem da celebração de seus anos, desejo agradecer-lhe por este testemunho de fidelidade à missão a que se atirou e a tem feito exemplarmente, como aquele Hilário de Poitiers, que a Igreja festejou ainda ontem, lembrando-o que viveu com coragem e valentia, enfrentando hereges e poderosos, a lhes dizer: “Enganam-se os que acreditam que me farão calar. Falarei pelos escritos, e a palavra de Deus, que ninguém pode aprisionar, voará livre”.
Parabéns, João Hilário, e receba de todos nós, neste dia de hoje e por todos os dias de sua longa existência, assim desejamos, a manifestação sincera do nosso apreço, do nosso respeito e de nossa admiração.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 14.01.15. A crônica de Renato Casimiro é publicada nesse blog as segunda, quarta e sexta-feiras, sempre após sua leitura no Jornal da Tarde)

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